O lançamento do novo Google Pixel 10 está a revelar-se um pesadelo para os clientes da operadora norte-americana Visible. Vários utilizadores que adquiriram o modelo base do Pixel 10 desbloqueado em lojas como a Google Store, Best Buy ou Amazon, estão a descobrir que não conseguem ativar os seus novos telemóveis na rede, expondo falhas críticas no sistema da operadora.
O problema da incompatibilidade seletiva
O padrão é evidente e frustrante: enquanto os proprietários dos modelos Pixel 10 Pro e Pro XL conseguem ativar os seus dispositivos sem qualquer problema, os que optaram pelo modelo base deparam-se com um erro de “IMEI não disponível” no verificador de compatibilidade da Visible. Uma vez que o Pixel 10 base vendido nos EUA é um modelo exclusivamente eSIM, não existe a alternativa de recorrer a um cartão SIM físico para contornar a situação, deixando estes clientes num impasse.
Um utilizador do modelo Pro XL mencionou que usou a aplicação da Visible para descarregar o eSIM diretamente para o novo telemóvel, um processo simples que falha sistematicamente para os donos do modelo base. Esta discrepância sugere que o problema não está nos aparelhos, mas sim na forma como a rede da Visible os reconhece.
Respostas insatisfatórias e frustração crescente
A situação é agravada pelas respostas absurdas fornecidas pelo serviço de apoio ao cliente da Visible. Um cliente foi informado de que o seu Pixel 10 “só funcionaria em redes GSM”, uma afirmação incorreta, dado que o dispositivo é compatível com múltiplas redes. A outro foi sugerido que trocasse o seu telemóvel, com apenas um dia de uso, por um modelo idêntico comprado diretamente na loja da Visible, insinuando que essa seria a única solução. Esta abordagem transforma uma falha técnica numa tática de vendas forçada.
Enquanto isso, os utilizadores frustrados que decidem mudar de operadora encontram sucesso imediato. Um cliente relatou ter mudado para a US Mobile e ativado o seu Pixel 10 em apenas 10 minutos na mesma rede da Verizon que a Visible utiliza, elogiando ainda um serviço de apoio ao cliente “muito superior”.
A causa do problema: um sistema antiquado
Este cenário não é novo. Durante o lançamento do Pixel 7 em 2022, ocorreram problemas de compatibilidade com o eSIM muito semelhantes. Na altura, a Visible contornou a situação enviando cartões SIM físicos aos clientes afetados, algo que agora é impossível com o Pixel 10 base.
A origem do problema parece residir no antiquado sistema de base de dados de IMEI da Visible. Em vez de utilizar métodos de verificação padrão da indústria, a operadora mantém uma “lista branca” (whitelist) de dispositivos aprovados. Quando novos telemóveis como o Pixel 10 são lançados, os seus intervalos de IMEI não são adicionados de imediato a esta lista, resultando neste pesadelo de ativação para os primeiros compradores.
A ausência de SIM físico e uma solução inesperada
Este problema com o eSIM seria, contudo, irrelevante se a Google vendesse os seus Pixel 10 nos EUA com uma ranhura para SIM físico. Curiosamente, alguns utilizadores estão a ter acesso a essa funcionalidade de forma inesperada. Vários relatos no Reddit indicam que clientes que recebem unidades de substituição do Pixel 10, através do processo de garantia (RMA), estão a receber modelos internacionais que, para sua surpresa, incluem uma ranhura para um cartão SIM físico.
A troca, no entanto, não é isenta de compromissos. Estes modelos internacionais não se conectam às redes 5G mmWave, uma capacidade padrão na versão oficial norte-americana. Adicionalmente, não suportam as bandas 5G n29, n48 e n70 dos EUA, embora a sua ausência não seja crítica. Em contrapartida, ganham suporte para as bandas LTE 21, 32, 39, 42 e 75, o que pode ser útil para viagens internacionais.
A transição para o eSIM: uma aposta estratégica
Apesar dos problemas pontuais como o da Visible, a aposta da Google num Pixel 10 exclusivamente eSIM nos EUA, seguindo o exemplo da Apple, parece ser menos uma limitação e mais uma jogada estratégica. As preocupações iniciais de que isto seria um inconveniente para os consumidores estão a dissipar-se, à medida que as principais operadoras norte-americanas simplificaram significativamente o seu suporte para eSIM. A longo prazo, esta melhoria na infraestrutura pode tornar a mudança de dispositivo mais fluida e segura do que o manuseamento de um SIM físico, embora o caminho para essa realidade ainda apresente alguns obstáculos.