O Google Maps está a atravessar uma fase de transformação profunda, impulsionada pela integração do Gemini, a inteligência artificial da Google. Esta atualização promete alterar radicalmente a forma como os condutores e peões interagem com a aplicação, substituindo sistemas antigos por uma assistência contextual muito mais robusta. O icónico microfone colorido dá agora lugar ao símbolo do Gemini, sinalizando uma transição para um assistente que, embora continue a responder ao comando de ativação habitual, possui uma capacidade de compreensão e resposta superior.
Diálogo natural e contexto em tempo real
Uma das grandes inovações trazidas por esta tecnologia é a capacidade de manter uma conversa fluida e contextualizada. Se um condutor questionar a aplicação sobre a existência de postos de abastecimento na rota atual, já não necessita de formular uma nova frase completa para iniciar a navegação; basta um comando simples como “leva-me lá” para que o assistente compreenda a referência e ajuste o percurso. Esta inteligência estende-se à gestão de imprevistos, permitindo aos utilizadores reportar incidentes ou bloqueios na estrada e receber avisos antecipados sobre atrasos, tornando o planeamento de viagens mais eficaz e menos sujeito a surpresas desagradáveis.
Novas ferramentas de orientação visual
Para além da vertente vocal, a Google introduziu melhorias na navegação visual, integrando o Gemini no Google Lens e implementando instruções baseadas em pontos de referência. Em vez das tradicionais indicações de distância em metros, o sistema passa a oferecer orientações mais intuitivas, sugerindo manobras com base em edifícios ou marcos visíveis na proximidade. Através da câmara do telemóvel, torna-se possível apontar para um local e iniciar uma consulta interativa sobre o mesmo, embora estas funcionalidades específicas estejam, numa fase inicial, limitadas ao mercado norte-americano antes de uma expansão global.
Mapeamento de interiores chega a Portugal
Enquanto a inteligência artificial redefine a navegação global, em Portugal a grande novidade reside na capacidade de ver o que está “dentro de portas”. A Google lançou em território nacional a funcionalidade Indoor Maps, desenhada para resolver a desorientação comum em grandes espaços fechados. Disponível para Android e iOS, esta ferramenta permite visualizar automaticamente as plantas interiores de edifícios, facilitando a identificação de lojas específicas em centros comerciais, a localização de caixas Multibanco urgentes ou até mesmo o número de uma sala de aula num complexo universitário.
Infraestruturas e transportes mapeados
A implementação desta tecnologia em solo luso resultou de uma colaboração estreita com diversos parceiros locais, abrangendo 49 espaços de relevo. A rede de transportes foi uma das grandes beneficiadas, com a inclusão de 13 estações de comboio — incluindo as principais gares do Porto (São Bento e Campanhã) e de Lisboa (Santa Apolónia, Rossio e Cais do Sodré), além de Braga, Coimbra e Faro. A estas somam-se 17 estações de metro no Porto e em Lisboa, garantindo que quem utiliza diariamente os transportes públicos consiga orientar-se com precisão nos interfaces mais complexos.
Cultura e património ao pormenor
O setor cultural e o património edificado também integram este lançamento. Visitantes de monumentos emblemáticos como os Palácios Nacionais de Sintra, Pena, Mafra e Queluz, ou de espaços museológicos como a Fundação Calouste Gulbenkian e o Museu de Marinha, passam a dispor de mapas detalhados na palma da mão. A funcionalidade estende-se ainda a instituições de ensino como a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e o Instituto Superior Técnico. Com este passo, Portugal junta-se a um grupo de mais de 20 países — onde se incluem o Reino Unido, Brasil e Japão — que já beneficiam de uma base de dados global com mais de três mil milhões de metros quadrados de plantas digitalizadas.




